Fonte: TV RIO SUL
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Entrevista ao RJTV
Abaixo a entrevista que concedi ao jornal RJTV, da Rede Globo, que foi ao ar hoje, dia 22 de setembro.
sábado, 18 de setembro de 2010
Agenda 19/09
Amanhã estaremos na Feira Municipal panfletando a partir das 07:30h.
Às 10h iremos ao bairro João Dias conversar com os moradores.
Às 14h faremos uma caminhada pela Passagem.
Contamos com sua presença!
Saudações a quem tem coragem!
Às 10h iremos ao bairro João Dias conversar com os moradores.
Às 14h faremos uma caminhada pela Passagem.
Contamos com sua presença!
Saudações a quem tem coragem!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Agenda 16/09
Amanhã, 16/09, estaremos realizando panfletagem no Bairro Chacrinha, na parte da manhã.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Apoio do Movimento Valença em Questão
O Movimento Valença em Questão se organizou em 2004, justamente um ano de eleições para prefeito e vereadores em Valença. Nos mobilizamos porque víamos que o quadro político continuava o mesmo de 40 anos e queríamos colaborar para tentar mudar alguma coisa.
Não acreditamos na imparcialidade. Temos o nosso lado e não cansamos de dizer e mostrar qual é. Por isso, em 2008 nos manifestamos dizendo que não apoiávamos nenhuma candidatura à prefeitura e câmara.
Em 2010 temos uma eleição extraordinária à prefeitura de Valença juntamente com as eleições para governador, deputados, senadores e presidente, o que faz com que tenhamos que nos posicionar novamente.
Porém, desta vez, o Movimento Valença em Questão apóia duas candidaturas: Francisco Lima para prefeito e Marcelo Freixo para deputado estadual, ambos do PSOL.
Como todo grupo de pessoas, divergências existem e as achamos necessárias. A candidatura de Marcelo Freixo é uma unanimidade no grupo, mas a de Chico Lima não. Contudo, a decisão de apoio a Chico Lima foi feita pela maioria e, democraticamente, vimos publicamente mostrar o lado do Movimento Valença em Questão nessas eleições.
Gostaríamos, sem dúvida, de nos declarar em favor de um governador, senadores, deputados federais e presidente. Mas isso ainda não é possível.
Dizemos “ainda” porque acreditamos que a organização da sociedade civil nos movimentos sociais, partidos políticos, grêmios estudantis, associações de bairro é o caminho para formar candidaturas comprometidas com as lutas do povo pobre e dos trabalhadores.
MOVIMENTO VALENÇA EM QUESTÃO - SETEMBRO/2010
Não acreditamos na imparcialidade. Temos o nosso lado e não cansamos de dizer e mostrar qual é. Por isso, em 2008 nos manifestamos dizendo que não apoiávamos nenhuma candidatura à prefeitura e câmara.
Em 2010 temos uma eleição extraordinária à prefeitura de Valença juntamente com as eleições para governador, deputados, senadores e presidente, o que faz com que tenhamos que nos posicionar novamente.
Porém, desta vez, o Movimento Valença em Questão apóia duas candidaturas: Francisco Lima para prefeito e Marcelo Freixo para deputado estadual, ambos do PSOL.
Como todo grupo de pessoas, divergências existem e as achamos necessárias. A candidatura de Marcelo Freixo é uma unanimidade no grupo, mas a de Chico Lima não. Contudo, a decisão de apoio a Chico Lima foi feita pela maioria e, democraticamente, vimos publicamente mostrar o lado do Movimento Valença em Questão nessas eleições.
Gostaríamos, sem dúvida, de nos declarar em favor de um governador, senadores, deputados federais e presidente. Mas isso ainda não é possível.
Dizemos “ainda” porque acreditamos que a organização da sociedade civil nos movimentos sociais, partidos políticos, grêmios estudantis, associações de bairro é o caminho para formar candidaturas comprometidas com as lutas do povo pobre e dos trabalhadores.
MOVIMENTO VALENÇA EM QUESTÃO - SETEMBRO/2010
Apoio do Rio de Janeiro
O companheiro e professor Gilson Gabriel postou em seu blog um texto de apoio de Jerônimo Marques, amigo que já trabalhou em Valença. Abaixo reproduzo o texto postado por Gilson:
____
Jerônimo, Companheiro que trabalhou em Valença no início da década de 90, ao saber da candidatura Chico Lima, tem demonstrado um entusiasmo enorme. Vez em quando manda algumas contribuições via e mail(algumas)como esta que agora apresento transcrita na íntegra, com a justificativa do próprio Jerônimo:
"Fala Companheiro"!!! Gilson, mandei pra você ha pouco uma brincadeira "publicitária" na forma de comentário no "Filosofar" mas como não consegui acessa-la, fiquei na dúvida se realmente a enviei corretamente, por isso estou te enviando agora por e-mail. Se quiser pode fazer qualquer uso dela ou altera-la para melhor usa-la aí em Valença. Forte abraço... Jeronimo.
Aí vai a brincadeira:
NEM DILMA, NEM MARINA,
MUITO MENOS SERRA!
AGORA É 50,
AGORA QUEIRA MUITO MAIS!!!
MESMICE NINGUÉM AGUENTA
NOSSO SONHO, NOSSA LUTA NINGUÉM TRAI!!!
VOTE PÃO, VOTE POESIA, VOTE LUTA.
VOTE VALENTE,
VOTE VALENÇA,
VOTE CHICO, VOTE 50, VOTE PSOL!!!
Jeronimo Marques de J. Filho
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Jerônimo, Companheiro que trabalhou em Valença no início da década de 90, ao saber da candidatura Chico Lima, tem demonstrado um entusiasmo enorme. Vez em quando manda algumas contribuições via e mail(algumas)como esta que agora apresento transcrita na íntegra, com a justificativa do próprio Jerônimo:
"Fala Companheiro"!!! Gilson, mandei pra você ha pouco uma brincadeira "publicitária" na forma de comentário no "Filosofar" mas como não consegui acessa-la, fiquei na dúvida se realmente a enviei corretamente, por isso estou te enviando agora por e-mail. Se quiser pode fazer qualquer uso dela ou altera-la para melhor usa-la aí em Valença. Forte abraço... Jeronimo.
Aí vai a brincadeira:
NEM DILMA, NEM MARINA,
MUITO MENOS SERRA!
AGORA É 50,
AGORA QUEIRA MUITO MAIS!!!
MESMICE NINGUÉM AGUENTA
NOSSO SONHO, NOSSA LUTA NINGUÉM TRAI!!!
VOTE PÃO, VOTE POESIA, VOTE LUTA.
VOTE VALENTE,
VOTE VALENÇA,
VOTE CHICO, VOTE 50, VOTE PSOL!!!
Jeronimo Marques de J. Filho
Agenda do final de semana
Caros companheiros de luta. Nesse final de semana, já com material de campanha para distribuição, vamos realizar uma panfletagem no Centro de Valença na manhã de sábado. Convido a todos que queiram colaborar com nossa condidatura a nos ajudar nessa empreitada. Vamos nos contrar a partir de 9:30h no Jardim de Cima.
No início da noite, vamos fazer um comício na Varginha, às 19h. Vamos nos concentrar na Ocupação Gisele Lima, e estão todos convidados para participar desse nosso primeiro Comício.
Mais do que a mobilização e participação, também estamos abertos a colaboradores nas panfletagens. No nosso Comício na Varginha vamos lançar a proposta de cada eleitor conseguir dez novos eleitores, para transformarmos Valença a partir da luta.
No domingo, às 7h da manhã, vamos nos encontrar no Mercado Municipal, para conversar com os trabalhadores do local. Mais uma vez reitero o convite para participação de todos.
LUTAR PARA MUDAR
Um abraço,
Francisco Lima
No início da noite, vamos fazer um comício na Varginha, às 19h. Vamos nos concentrar na Ocupação Gisele Lima, e estão todos convidados para participar desse nosso primeiro Comício.
Mais do que a mobilização e participação, também estamos abertos a colaboradores nas panfletagens. No nosso Comício na Varginha vamos lançar a proposta de cada eleitor conseguir dez novos eleitores, para transformarmos Valença a partir da luta.
No domingo, às 7h da manhã, vamos nos encontrar no Mercado Municipal, para conversar com os trabalhadores do local. Mais uma vez reitero o convite para participação de todos.
LUTAR PARA MUDAR
Um abraço,
Francisco Lima
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Vídeos da campanha
Conheçam o meu Canal no Youtube, com vídeos de apoio de diversos companheiros e alguns de uma conversa que tivemos em uma reunião da campanha, falando sobre alguns temas importantes para valença. Além de disponíveis Youtube, os vídeos também podem ser vistos aqui no blog, nas barras superiores "Quema poia Chico Lima" e "Entrevista".
Fico no aguardo de contribuições através dos comentários.
É hora de lutar para mudar!
Acesse o Canal de Francisco Lima no Youtube
Fico no aguardo de contribuições através dos comentários.
É hora de lutar para mudar!
Acesse o Canal de Francisco Lima no Youtube
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Todo apoio à ocupação do MST em Macaé-RJ
300 (trezentas) famílias de trabalhadores rurais sem-terra ocuparam hoje na madrugada (da comemoração da independência do Brasil: 7 de setembro de 2010, dia do Grito dos Excluídos e durante o período do Plebiscito Nacional pelo Limite da Terra) a Fazenda Bom Jardim de 165 hectares situada no distrito Córrego do Ouro em Macaé –RJ.
Este latifúndio foi vistoriado pelo INCRA em 2006 e considerado um latifúndio improdutivo que não cumpria a função social e ambiental. A área de reserva legal não estava gravada no IBAMA e as áreas de proteção permanente também não foram protegidas. No dia 2 de setembro de 2010 foi publicado no Diário Oficial da União o decreto de desapropriação desta área. Esse passo para a desapropriação deve ser concluído, porém os trabalhadores não podem esperar pela morosidade do Governo Federal.
O MST organizou a ocupação da Fazenda Bom Jardim para cobrar do Governo Federal a conclusão da desapropriação. O objetivo do MST é construir um assentamento produtivo em harmonia com o meio-ambiente.
De forma mais urgente solicitamos o apoio às entidades sindicais e populares e aos parlamentares solidários ao processo de Reforma Agrária o DIREITO DE IR E VIR, pois algumas estradas estão privatizadas por fazendas particulares ao entorno da ocupação, o que isola a ocupação e por isso é necessário liberar as estradas de acesso à região para que os trabalhadores possam entrar e sair da ocupação, saindo do atual isolamento.
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra-RJ
Contatos: imprensa@mst.org.br e semterra@mst.org.br
Este latifúndio foi vistoriado pelo INCRA em 2006 e considerado um latifúndio improdutivo que não cumpria a função social e ambiental. A área de reserva legal não estava gravada no IBAMA e as áreas de proteção permanente também não foram protegidas. No dia 2 de setembro de 2010 foi publicado no Diário Oficial da União o decreto de desapropriação desta área. Esse passo para a desapropriação deve ser concluído, porém os trabalhadores não podem esperar pela morosidade do Governo Federal.
O MST organizou a ocupação da Fazenda Bom Jardim para cobrar do Governo Federal a conclusão da desapropriação. O objetivo do MST é construir um assentamento produtivo em harmonia com o meio-ambiente.
De forma mais urgente solicitamos o apoio às entidades sindicais e populares e aos parlamentares solidários ao processo de Reforma Agrária o DIREITO DE IR E VIR, pois algumas estradas estão privatizadas por fazendas particulares ao entorno da ocupação, o que isola a ocupação e por isso é necessário liberar as estradas de acesso à região para que os trabalhadores possam entrar e sair da ocupação, saindo do atual isolamento.
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra-RJ
Contatos: imprensa@mst.org.br e semterra@mst.org.br
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Libório vota em Chico Lima 50 para prefeito de Valença
Eu queria manifestar o meu apoio à candidatura de Chico Lima para prefeito. Nesse momento de eleição extraordinária, é importante a aglutinação de forças que estão se aliando em torno da plataforma eleitoral de Chico Lima. Que tipo de Valença a gente quer para o futuro? A candidatura de Chico Lima é importante para a construção da Valença do século XXI. Não podemos voltar ao passado. Na verdade, só existe um grupo que manda em Valença. Os interesses da classe dominante que, mesmo em partidos diferentes, mantém o seu poder político e econômico. A candidatura de Chico pode quebrar essa hegemonia atrasada que vem governando Valença.
Eu sou Libório Costa e tenho 50 anos e vou votar no 50 nas próximas eleições.
Bebeto vota em Chico Lima 50 para prefeito de Valença
Quer saber por que eu voto no Chico Lima? Eu estou cansado de votar nulo! Eu voto no Chico Lima porque eu acredito que a possibilidade de mudança é real. Se nós ficarmos com as nossas vaidades de esquerda, nós não vamos construir porcaria nenhuma em Valença. Está na hora de construirmos uma candidatura de esquerda e Chico Lima representa esse nosso projeto de sociedade anti-capitalista.
Eu sou Bebeto e sou engenheiro. Faço parte do movimento Valença em Questão e voto Chico Lima 50: por que não?
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Entrevista com Marcelo Freixo
Marcelo Freixo, 43 anos, morador de Niterói, é professor de História e milita há 20 anos pelos Direitos Humanos. Em 2007 assumiu o primeiro mandato como deputado estadual do PSOL, na Alerj. Presidiu a CPI das Milícias, que indiciou envolvidos e 58 medidas concretas para acabar com essa máfia. Denunciou fraude no auxílio-educação na Alerj, o que levou à cassação das deputadas Jane Cozzolino e Renata do Posto. Pediu a cassação do deputado e ex-chefe de Polícia Álvaro Lins.
Entre as suas iniciativas legislativas, destacam-se a lei que reconhece o funk como atividade cultural, a lei de prevenção à tortura e as emendas constitucionais para a efetivação dos animadores culturais na rede estadual de ensino e a ampliação para seis meses da licença maternidade das servidoras estaduais. Freixo é o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj e também tem ativa participação na Comissão de Educação.
Em entrevista, Freixo fala sobre os objetivos do Mandato e da mudança de rotina por conta das ameaças de morte pela sua atuação contra os grupos milicianos.
Por que você está sendo prejudicado e não pode fazer campanha política?
A aprovação da CPI das Milícias foi o que causou maior impacto no mandato. A CPI aconteceu no segundo semestre de 2008 e desde então 225 pessoas foram indiciadas, pedimos a investigação de mais de 1.100 pessoas, mudou a opinião pública sobre milícias, mudou a relação com as forças, empurrou a Secretaria de Segurança para uma ação mais concreta.
Isso é visível nos números. Tivemos 5 milicianos presos em 2006. Em 2007 tivemos 17 milicianos presos. Em 2008 foram 24 e em 2009, depois da CPI, foram 275 milicianos presos. Então é óbvio que alguma coisa mudou a partir da CPI.
Tivemos casos de deputados, chefes de polícia e vereadores que não só perderam mandato como foram presos, nota-se um efeito também no setor forte da milícia, que causou a perda de espaço do braço político das Milícias.
A milícia tem uma estrutura de máfia, verdadeiramente crime organizado, e é promovida por agentes públicos. O domínio miliciano no território mexe com a estrutura do poder público. Muitas vezes as milícias dominavam as indicações dos delegados da região, diretores de escolas, dos hospitais, determinavam as bases daquelas localidades. É evidente que eles representavam o poder público naqueles lugares.
Enfrentar isso tem suas conseqüências e por isso nesse momento tenho que andar com segurança, passar por mudanças na vida privada e muitas outras coisas.
Nossa campanha não é uma campanha de grana, de placa, feita por agência. Nós não pagamos a ninguém para entregar papel ou segurar placa. Os militantes estão lá por ideologia. Uma campanha militante quando fica impedida de fazer sua única forma de campanha, de ir às ruas, fica complicado. Tivemos um caso de um menino que estava com um adesivo nosso no peito em Jacarepaguá, Zona Oeste da Cidade, que passou por constrangimento. Ele estava saindo de uma roda de funk e os milicianos da área pediram para que tirassem o adesivo se quisesse continuar morando ali. Imagina alguém panfletando? Não há ninguém fazendo campanha nesses lugares. Estamos usando a internet. Onde não tem Milícia nossa campanha acontece: Centro, Zona Sul, Niterói. Isso tudo prejudica a campanha e a obriga a seguir de uma forma mais cautelosa.
Ciente do tamanho dos perigos e das consequências para a campanha, por que você compra essa briga com a Milícia?
Porque é necessário. Se não fosse para comprar essa briga era melhor não ser deputado. Eu não posso abrir mão de comprar uma briga que o Rio de Janeiro tem que comprar. Se eu escolher as brigas e for motivado pelo medo é melhor não ter mandato. É melhor ficar em casa. Minha história é marcada pela busca dos Direitos Humanos. Eu faria de novo e não tenho receio, mesmo sendo desagradável. Temos que buscar alternativas para não agravar mais a situação. O enfrentamento da milícia também é obrigação de quem quer ter mandato. Faria tudo de novo.
Por que concorrer ao mandato de novo mesmo com tanto risco?
Primeiro porque ter um mandato hoje acaba sendo um instrumento de proteção. É mais difícil deles fazerem algo contra mim. Mais difícil um atentado contra um deputado do que a um militante pelos Direitos Humanos. Hoje, se eu não ganhar esse mandato terei que sair do país. O que mais nos move pela defesa do mandato é o convencimento de que ter um espaço no Parlamento é muito importante para as lutas sociais. Nosso mandato serve às lutas populares. É montado em cima disso.
Resuma melhor o tipo de ameaça que você sofre, sua família está sujeita?
Na verdade eu não recebi nenhuma ameaça direta. Primeiro, porque não precisa. Parece mais perigoso ainda quando não tem ameaça, pois quando há ameaça é porque eles querem que você recue e se não há é porque não há recuo. E o enfretamento está dado. Eu sei com quem estou lidando, sei como a milícia age. A DRACO da policia civil descobriu dois planos concretos contra mim, interceptou as ligações e encontraram uma carta onde uma milícia encomendava para outra milícia a minha morte. Uma das pessoas presas confessou isso, daí a minha necessidade de seguranças. Mas felizmente não há nenhum indício de que isso extrapole para família
De que forma isso muda sua rotina?
Em tudo praticamente. Ando em carro blindado, com escolta, não tenho rotina, não durmo no mesmo lugar. A minha rotina é o trabalho. Nos deslocamentos rotineiros, como chegar à Assembléia, eu tenho um cuidado maior.
Você enxerga algum mandato além do seu, que segue a linha de trabalho junto aos movimentos sociais?
Nenhum. Não consigo enxergar. E não tenho isso como glória em ser o único, porque seria muito importante ter outro mandato com a mesma ideologia, mesmo que fosse de outro partido, para que fosse maior a resistência. Infelizmente não vejo. Os mandatos se tornaram fim e não o meio.
Conseguimos ter um mandato formado pelos movimentos sociais, que não foi pautado pelo partido, onde mais da metade dos militantes do mandato sequer são filiados ao partido, eles são militantes da luta social. A melhor maneira que posso contribuir é criar um mandato que dialogue com os movimentos sociais. O mandato a serviço das lutas.
Se você pudesse contar a historia desse mandato, que mandato foi esse? O que esse mandato fez que merece o crédito do eleitor para votar de novo?
O mandato chegou a um lugar que era muito maior do que eu esperava. Quando ganhamos a eleição e eu olhei a composição da Assembléia, me questionei: o que eu faria num lugar como esse, que é marcado pelo conservadorismo, clientelismo, banditismo? Não é só um problema de ideologia, é muito pior que isso. Estamos terminando o mandato como um dos mais conhecidos, mesmo não tendo bancada. Conseguimos vitórias importantes dentro da Assembléia porque tivemos posição política de enfrentamento. Ganhamos um espaço enorme que foi fruto do enfrentamento. A visibilidade veio de fora para dentro. Respeitabilidade. Não abrir mão de seus princípios. A assembléia aprovou 4 PACS, que para ser aprovadas têm que ter pelo menos 42 votos, contra 80 deputados. E duas das quatro foram nossas, uma da Licença Maternidade e outra dos Animadores Culturais. É muito difícil num primeiro mandato aprovar uma PAC. E duas foram nossas. Nosso objetivo é trazer as pautas da sociedade para dentro da Assembléia.
Nossa pedagogia segue dois caminhos: um para dentro - instrumentos para o enfrentamento na Assembléia - e outro para fora - fortalecimento dos movimentos sociais.
Quem tiver interessado em colaborar com a campanha, como pode fazer?
Os comitês estão funcionando, tem comitês na Tijuca, na Zona Sul, nas Universidades. É só entrarem em contato com a coordenação do mandato. Têm comitês fora do Rio, se espalhando por ai. O crescimento dos apoios é impressionante. Pedimos que as pessoas se envolvam. Queremos ganhar a campanha quantitativamente, mas queremos ganhar a campanha no dia a dia, que é uma reafirmação de uma política que é necessária, que não faz acordo. Isso é possível. Isso não morreu. A relação de um mandato com as lutas sociais, o debate dos direitos humanos, as resistências que colocamos. Não é só a minha vida, a minha segurança. A derrota do nosso mandato seria muito mais ampla do que a derrota de um gabinete, seria a derrota de uma política que acreditamos que não merece ser derrotada.
Entre as suas iniciativas legislativas, destacam-se a lei que reconhece o funk como atividade cultural, a lei de prevenção à tortura e as emendas constitucionais para a efetivação dos animadores culturais na rede estadual de ensino e a ampliação para seis meses da licença maternidade das servidoras estaduais. Freixo é o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj e também tem ativa participação na Comissão de Educação.
Em entrevista, Freixo fala sobre os objetivos do Mandato e da mudança de rotina por conta das ameaças de morte pela sua atuação contra os grupos milicianos.
Por que você está sendo prejudicado e não pode fazer campanha política?
A aprovação da CPI das Milícias foi o que causou maior impacto no mandato. A CPI aconteceu no segundo semestre de 2008 e desde então 225 pessoas foram indiciadas, pedimos a investigação de mais de 1.100 pessoas, mudou a opinião pública sobre milícias, mudou a relação com as forças, empurrou a Secretaria de Segurança para uma ação mais concreta.
Isso é visível nos números. Tivemos 5 milicianos presos em 2006. Em 2007 tivemos 17 milicianos presos. Em 2008 foram 24 e em 2009, depois da CPI, foram 275 milicianos presos. Então é óbvio que alguma coisa mudou a partir da CPI.
Tivemos casos de deputados, chefes de polícia e vereadores que não só perderam mandato como foram presos, nota-se um efeito também no setor forte da milícia, que causou a perda de espaço do braço político das Milícias.
A milícia tem uma estrutura de máfia, verdadeiramente crime organizado, e é promovida por agentes públicos. O domínio miliciano no território mexe com a estrutura do poder público. Muitas vezes as milícias dominavam as indicações dos delegados da região, diretores de escolas, dos hospitais, determinavam as bases daquelas localidades. É evidente que eles representavam o poder público naqueles lugares.
Enfrentar isso tem suas conseqüências e por isso nesse momento tenho que andar com segurança, passar por mudanças na vida privada e muitas outras coisas.
Nossa campanha não é uma campanha de grana, de placa, feita por agência. Nós não pagamos a ninguém para entregar papel ou segurar placa. Os militantes estão lá por ideologia. Uma campanha militante quando fica impedida de fazer sua única forma de campanha, de ir às ruas, fica complicado. Tivemos um caso de um menino que estava com um adesivo nosso no peito em Jacarepaguá, Zona Oeste da Cidade, que passou por constrangimento. Ele estava saindo de uma roda de funk e os milicianos da área pediram para que tirassem o adesivo se quisesse continuar morando ali. Imagina alguém panfletando? Não há ninguém fazendo campanha nesses lugares. Estamos usando a internet. Onde não tem Milícia nossa campanha acontece: Centro, Zona Sul, Niterói. Isso tudo prejudica a campanha e a obriga a seguir de uma forma mais cautelosa.
Ciente do tamanho dos perigos e das consequências para a campanha, por que você compra essa briga com a Milícia?
Porque é necessário. Se não fosse para comprar essa briga era melhor não ser deputado. Eu não posso abrir mão de comprar uma briga que o Rio de Janeiro tem que comprar. Se eu escolher as brigas e for motivado pelo medo é melhor não ter mandato. É melhor ficar em casa. Minha história é marcada pela busca dos Direitos Humanos. Eu faria de novo e não tenho receio, mesmo sendo desagradável. Temos que buscar alternativas para não agravar mais a situação. O enfrentamento da milícia também é obrigação de quem quer ter mandato. Faria tudo de novo.
Por que concorrer ao mandato de novo mesmo com tanto risco?
Primeiro porque ter um mandato hoje acaba sendo um instrumento de proteção. É mais difícil deles fazerem algo contra mim. Mais difícil um atentado contra um deputado do que a um militante pelos Direitos Humanos. Hoje, se eu não ganhar esse mandato terei que sair do país. O que mais nos move pela defesa do mandato é o convencimento de que ter um espaço no Parlamento é muito importante para as lutas sociais. Nosso mandato serve às lutas populares. É montado em cima disso.
Resuma melhor o tipo de ameaça que você sofre, sua família está sujeita?
Na verdade eu não recebi nenhuma ameaça direta. Primeiro, porque não precisa. Parece mais perigoso ainda quando não tem ameaça, pois quando há ameaça é porque eles querem que você recue e se não há é porque não há recuo. E o enfretamento está dado. Eu sei com quem estou lidando, sei como a milícia age. A DRACO da policia civil descobriu dois planos concretos contra mim, interceptou as ligações e encontraram uma carta onde uma milícia encomendava para outra milícia a minha morte. Uma das pessoas presas confessou isso, daí a minha necessidade de seguranças. Mas felizmente não há nenhum indício de que isso extrapole para família
De que forma isso muda sua rotina?
Em tudo praticamente. Ando em carro blindado, com escolta, não tenho rotina, não durmo no mesmo lugar. A minha rotina é o trabalho. Nos deslocamentos rotineiros, como chegar à Assembléia, eu tenho um cuidado maior.
Você enxerga algum mandato além do seu, que segue a linha de trabalho junto aos movimentos sociais?
Nenhum. Não consigo enxergar. E não tenho isso como glória em ser o único, porque seria muito importante ter outro mandato com a mesma ideologia, mesmo que fosse de outro partido, para que fosse maior a resistência. Infelizmente não vejo. Os mandatos se tornaram fim e não o meio.
Conseguimos ter um mandato formado pelos movimentos sociais, que não foi pautado pelo partido, onde mais da metade dos militantes do mandato sequer são filiados ao partido, eles são militantes da luta social. A melhor maneira que posso contribuir é criar um mandato que dialogue com os movimentos sociais. O mandato a serviço das lutas.
Se você pudesse contar a historia desse mandato, que mandato foi esse? O que esse mandato fez que merece o crédito do eleitor para votar de novo?
O mandato chegou a um lugar que era muito maior do que eu esperava. Quando ganhamos a eleição e eu olhei a composição da Assembléia, me questionei: o que eu faria num lugar como esse, que é marcado pelo conservadorismo, clientelismo, banditismo? Não é só um problema de ideologia, é muito pior que isso. Estamos terminando o mandato como um dos mais conhecidos, mesmo não tendo bancada. Conseguimos vitórias importantes dentro da Assembléia porque tivemos posição política de enfrentamento. Ganhamos um espaço enorme que foi fruto do enfrentamento. A visibilidade veio de fora para dentro. Respeitabilidade. Não abrir mão de seus princípios. A assembléia aprovou 4 PACS, que para ser aprovadas têm que ter pelo menos 42 votos, contra 80 deputados. E duas das quatro foram nossas, uma da Licença Maternidade e outra dos Animadores Culturais. É muito difícil num primeiro mandato aprovar uma PAC. E duas foram nossas. Nosso objetivo é trazer as pautas da sociedade para dentro da Assembléia.
Nossa pedagogia segue dois caminhos: um para dentro - instrumentos para o enfrentamento na Assembléia - e outro para fora - fortalecimento dos movimentos sociais.
Quem tiver interessado em colaborar com a campanha, como pode fazer?
Os comitês estão funcionando, tem comitês na Tijuca, na Zona Sul, nas Universidades. É só entrarem em contato com a coordenação do mandato. Têm comitês fora do Rio, se espalhando por ai. O crescimento dos apoios é impressionante. Pedimos que as pessoas se envolvam. Queremos ganhar a campanha quantitativamente, mas queremos ganhar a campanha no dia a dia, que é uma reafirmação de uma política que é necessária, que não faz acordo. Isso é possível. Isso não morreu. A relação de um mandato com as lutas sociais, o debate dos direitos humanos, as resistências que colocamos. Não é só a minha vida, a minha segurança. A derrota do nosso mandato seria muito mais ampla do que a derrota de um gabinete, seria a derrota de uma política que acreditamos que não merece ser derrotada.
domingo, 5 de setembro de 2010
Pão, Poesia e Luta
Depoimento de Jerônimo Marques de Jesus Filho enviado por e-mail para o companheiro Gilson Luiz Gabriel
"Fala Companheiro"!!! Não conheço Francisco Lima nem voto em Valença mas adorei a proposta dele...o que tá faltando mais que nunca na militância política dos dias atuais é exatamente POESIA, perseguir sonhos "Impossíveis", lutar por transformações profundas e não por migalhas de "pão dormido" e com bolor...união com quem "cara pálida"??? Todo apoio a Francisco Lima!!!
Jeronimo Marques de Jesus Filho
"Fala Companheiro"!!! Não conheço Francisco Lima nem voto em Valença mas adorei a proposta dele...o que tá faltando mais que nunca na militância política dos dias atuais é exatamente POESIA, perseguir sonhos "Impossíveis", lutar por transformações profundas e não por migalhas de "pão dormido" e com bolor...união com quem "cara pálida"??? Todo apoio a Francisco Lima!!!
Jeronimo Marques de Jesus Filho
Por poesia, pão e luta!
A candidatura de Francisco Lima aparece para Valença num momento muito interessante de sua história. Pela primeira vez, diante da cassação de um prefeito eleito, temos a oportunidade de rediscutir nossos rumos, corrigindo-os.
O “oba-oba” geral fala em união. Mas que união é essa e com que interesses ela é pregada? Todos os discursos vão num mesmo sentido e mantém a idéia de que, em algum momento, um milagreiro qualquer irá nos salvar de um destino trágico que nos assombra caso esse “milagreiro”, paladino da unificação, não seja eleito.
Mas nesse mesmo instante em que vários interesses particulares se travestem de vontade coletiva, alguém ousa falar e fazer diferente. É Francisco Lima esse alguém.
Ele aponta a poesia como o jeito de formatar o sonho. Acredita nela como a maneira de dizer as coisas e apontar imagens, projetos, o novo! Entende ser ela o fermento da sensibilidade necessária que nos fará caminhar, buscando fazer do utópico a cidade viva e sadia na qual viveremos o futuro!
Francisco aponta o pão que nos falta e é mascarado pelos discursos vazios e indiferentes como algo a ser perseguido e garantido na luta diária e concreta do povo trabalhador. Pão que nos faz companheiros na luta e no suporte dos fardos. Luta que aduba o solo onde florescem outros sonhos, com os quais alimentaremos nossos filhos e netos.
Francisco é, então, o resgate da poesia, do dividir o pão e da concretude de nossa luta na busca da cidade feliz que queremos.
Gilson Luiz Gabriel - professor da rede pública de ensino de Valença - http://www.filosofarcecbg.blogspot.com/
O “oba-oba” geral fala em união. Mas que união é essa e com que interesses ela é pregada? Todos os discursos vão num mesmo sentido e mantém a idéia de que, em algum momento, um milagreiro qualquer irá nos salvar de um destino trágico que nos assombra caso esse “milagreiro”, paladino da unificação, não seja eleito.
Mas nesse mesmo instante em que vários interesses particulares se travestem de vontade coletiva, alguém ousa falar e fazer diferente. É Francisco Lima esse alguém.
Ele aponta a poesia como o jeito de formatar o sonho. Acredita nela como a maneira de dizer as coisas e apontar imagens, projetos, o novo! Entende ser ela o fermento da sensibilidade necessária que nos fará caminhar, buscando fazer do utópico a cidade viva e sadia na qual viveremos o futuro!
Francisco aponta o pão que nos falta e é mascarado pelos discursos vazios e indiferentes como algo a ser perseguido e garantido na luta diária e concreta do povo trabalhador. Pão que nos faz companheiros na luta e no suporte dos fardos. Luta que aduba o solo onde florescem outros sonhos, com os quais alimentaremos nossos filhos e netos.
Francisco é, então, o resgate da poesia, do dividir o pão e da concretude de nossa luta na busca da cidade feliz que queremos.
Gilson Luiz Gabriel - professor da rede pública de ensino de Valença - http://www.filosofarcecbg.blogspot.com/
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Ocupação Gisele Lima, na luta por moradia em Valença
Texto publicado na edição 30 do jornal Valença em Questão
Era sábado, 22 de março de 2008, dia ensolarado em Valença. Neste dia, moradores da Varginha comemoravam um ano da Ocupação Gisele Lima. Na festa, feijoada para todos. Mas o quê há para se comemorar?
Quem tem (teve ou queira ter) a oportunidade de caminhar por aquele espaço, hoje contrastado entre solo rachado pelo sol com um lamaçal causado pelas últimas chuvas, muito provavelmente ficará com algumas perguntas na cabeça. Difícil não ficar. Talvez em uma primeira ou segunda visita o sentimento que pode surgir é o de revolta. Mas não quando você passa a conhecer (minimamente) as pessoas que ocupam esse espaço. É um ambiente, que por mais problemas que pareça ter (e tem!), transmite um paz de espírito, incrível a sensação de bem-estar que as pessoas de lá te proporcionam.
Opa, peraí! Alegria de ver aquelas casas inacabadas, abandonadas pelo descaso das “políticas públicas de habitação de nossa cidade e estado”? Como ficar em paz de espírito ao ver - aliás, não ver – saneamento básico, lazer, educação, infra-estrutura? Na verdade, essa sensação boa é por saber que aquelas pessoas estão felizes. “Vamos pessoal, hoje comemoramos um ano de ocupação Gisele Lima!”. “Olha a feijoada! Vamos nos unir mais uma vez!”. “Estas são nossas casas, ninguém vai tirar! É muito melhor aqui do que onde eu estava antes de conhecer os sem-teto!”. São frases, palavras, gestos, feições, que demonstram uma coragem, uma determinação, um sonho a ser conquistado.
Que força tem aquelas pessoas! Que poder de luta e organização! Quanta humildade, determinação e esperança! Olhando ao redor, podemos ver barracos construídos com as capas plásticas que embrulham os colchões nos quais dormimos. Ao lado, uma casa inteira de pau-a-pique relembrando o nordeste que conhecemos dos filmes. Com essa vista, relembramos o acampamento Manoel Congo, na Fazenda do Vargas, com cenas semelhantes. Caminhamos, em silêncio, até que um pouco à frente uma família inteira prepara as bandeirinhas (feitas de jornais e revistas) para enfeitar a quadra da Varginha para a festa que começaria mais tarde. São cenas que marcam. Crianças, jovens, adultos, todos trabalhando juntos, para um bem comum. A festa coletiva, de todos, em que todos vão participar, em que todos se esforçam para que seja bem sucedida. No dia-a-dia faltam-nos exemplos assim.
Após andar e ficar por alguns minutos, é possível compreender o motivo da festa. Neste dia, homens, mulheres e crianças da ocupação Gisele Lima comemoram a oportunidade que muitos nunca tiveram: ter uma casa e a chance de recomeçarem suas vidas. Como foi saboroso o feijão com arroz feito na hora; como foi bom ver aquela bandeira do MST, vermelha, imponente, representando a luta daquelas pessoas com os rostos sofridos, as mãos calejadas, mas o sorriso nos rostos. E aquela bandeira representa também a nossa luta, que se soma aos sem-terra e sem-teto, para tentarmos mostrar a sociedade um novo jeito de se viver, produzir, consumir, preservar, pensar e agir.
Parabéns à ocupação Gisele Lima! Parabéns a todos os homens e mulheres que constroem a cada dia o sonho de uma nova sociedade, justa, ecológica, fraterna, enfim, socialista, como mesmo dizem. Parabéns às crianças que ali moram e já sabem da luta que irão travar (e que já travam).
Comemoremos todos a oportunidade de termos em Valença um movimento que lute e organize nossa sociedade por causas verdadeiramente populares. Que dia, que tarde! E, apesar do aniversário ser deles, quem ganhou o presente fomos nós: uma bela feijoada, uma tarde de bom papo e 4 quilos de quiabo orgânico, da melhor qualidade, produzido no acampamento Manoel Congo. Eles estão alimentando, literalmente, o sentimento de justiça social.
Era sábado, 22 de março de 2008, dia ensolarado em Valença. Neste dia, moradores da Varginha comemoravam um ano da Ocupação Gisele Lima. Na festa, feijoada para todos. Mas o quê há para se comemorar?
Quem tem (teve ou queira ter) a oportunidade de caminhar por aquele espaço, hoje contrastado entre solo rachado pelo sol com um lamaçal causado pelas últimas chuvas, muito provavelmente ficará com algumas perguntas na cabeça. Difícil não ficar. Talvez em uma primeira ou segunda visita o sentimento que pode surgir é o de revolta. Mas não quando você passa a conhecer (minimamente) as pessoas que ocupam esse espaço. É um ambiente, que por mais problemas que pareça ter (e tem!), transmite um paz de espírito, incrível a sensação de bem-estar que as pessoas de lá te proporcionam.
Opa, peraí! Alegria de ver aquelas casas inacabadas, abandonadas pelo descaso das “políticas públicas de habitação de nossa cidade e estado”? Como ficar em paz de espírito ao ver - aliás, não ver – saneamento básico, lazer, educação, infra-estrutura? Na verdade, essa sensação boa é por saber que aquelas pessoas estão felizes. “Vamos pessoal, hoje comemoramos um ano de ocupação Gisele Lima!”. “Olha a feijoada! Vamos nos unir mais uma vez!”. “Estas são nossas casas, ninguém vai tirar! É muito melhor aqui do que onde eu estava antes de conhecer os sem-teto!”. São frases, palavras, gestos, feições, que demonstram uma coragem, uma determinação, um sonho a ser conquistado.
Que força tem aquelas pessoas! Que poder de luta e organização! Quanta humildade, determinação e esperança! Olhando ao redor, podemos ver barracos construídos com as capas plásticas que embrulham os colchões nos quais dormimos. Ao lado, uma casa inteira de pau-a-pique relembrando o nordeste que conhecemos dos filmes. Com essa vista, relembramos o acampamento Manoel Congo, na Fazenda do Vargas, com cenas semelhantes. Caminhamos, em silêncio, até que um pouco à frente uma família inteira prepara as bandeirinhas (feitas de jornais e revistas) para enfeitar a quadra da Varginha para a festa que começaria mais tarde. São cenas que marcam. Crianças, jovens, adultos, todos trabalhando juntos, para um bem comum. A festa coletiva, de todos, em que todos vão participar, em que todos se esforçam para que seja bem sucedida. No dia-a-dia faltam-nos exemplos assim.
Após andar e ficar por alguns minutos, é possível compreender o motivo da festa. Neste dia, homens, mulheres e crianças da ocupação Gisele Lima comemoram a oportunidade que muitos nunca tiveram: ter uma casa e a chance de recomeçarem suas vidas. Como foi saboroso o feijão com arroz feito na hora; como foi bom ver aquela bandeira do MST, vermelha, imponente, representando a luta daquelas pessoas com os rostos sofridos, as mãos calejadas, mas o sorriso nos rostos. E aquela bandeira representa também a nossa luta, que se soma aos sem-terra e sem-teto, para tentarmos mostrar a sociedade um novo jeito de se viver, produzir, consumir, preservar, pensar e agir.
Parabéns à ocupação Gisele Lima! Parabéns a todos os homens e mulheres que constroem a cada dia o sonho de uma nova sociedade, justa, ecológica, fraterna, enfim, socialista, como mesmo dizem. Parabéns às crianças que ali moram e já sabem da luta que irão travar (e que já travam).
Comemoremos todos a oportunidade de termos em Valença um movimento que lute e organize nossa sociedade por causas verdadeiramente populares. Que dia, que tarde! E, apesar do aniversário ser deles, quem ganhou o presente fomos nós: uma bela feijoada, uma tarde de bom papo e 4 quilos de quiabo orgânico, da melhor qualidade, produzido no acampamento Manoel Congo. Eles estão alimentando, literalmente, o sentimento de justiça social.
Ocupação do MST em 2007. Chico Lima presente
Texto publicado na edição 27 do jornal Valença em Questão
Ao longo da história do Movimentos do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a ocupação de espaços considerados improdutivos é uma estratégia para a aceleração desses processos. Esse é o objetivo da ocupação, no último dia oito de dezembro, da Fazenda São Paulo, em Valença-RJ. A fazenda, localizada na estrada que liga o distrito de Santa Isabel ao de Parapeúna (ambos do município de Valença), tem 1500 hectares e foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e informa que o processo de desapropriação está para ser concluído.
A ocupação na madrugada do dia 8 contou com cerca de 100 famílias organizadas pelo MST e já é a segunda vez que a fazenda foi ocupada. Na primeira, em agosto de 2005, houve, por parte da proprietária MMNRio Administração e Participações S/C Ltda., pedido de reintegração de posse. Os ocupantes, desde então, permaneciam à beira da rodovia Lúcio Meira (BR 393), em Dorândia, distrito de Barra do Piraí.
De acordo com o superintendente regional do Incra no estado, Mário Lúcio Machado Melo Júnior, o processo de desapropriação da fazenda São Paulo está para ser concluído. “Estamos apenas aguardando chegar uma documentação da procuradoria federal de Brasília que o noso procurador federal [do Incra] vai pessoalmente ajuizar uma ação no Tribunal Federal”, afirmou ao Valença em Questão. Ainda segundo ele, “há 99,9% de chances do Incra ficar com a fazenda” e a partir daí cria-se, via portaria, o assentamento.
A coordenadora do MST em Valença, Luciana Miranda, disse que desde o despejo, há dois anos, o MST vem cobrando do Incra a desapropriação da fazenda, já que se trata de uma área improdutiva. “Por isso, essa reocupação, no sentido de agilizar esse processo, para assentar essas famílias, que estão desde 2005 na beira da estrada”, afirma.
Justificando a demora do processo de desapropriação, o superintendente Mário Melo disse que a demora se deve aos cuidados do Incra com os “procedimentos burocráticos, para que o dono não consiga desfazer judicialmente o assentamento”. Um outro detalhe colocado pelo superintendente, é que no acordo com os proprietários, a sede da fazenda e uma área ao redor permaneceria com eles, “para desenvolverem museus, hotelaria, turismo, porque essa construção tem um valor cultural”.
A ocupação faz parte também de uma série de protestos realizados pelo MST no mês de dezembro por conta da morte do militante da Via Campesina Valmir Mota de Oliveira, o “Keno”, assassinado no Paraná durante ocupação da empresa multinacional Syngenta, no Paraná, em outubro. “Cada vez que eles tirarem uma vida de um companheiro ou companheira nossa, inúmeras fazendas serão ocupadas. Os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra não se acovardarão ante a aliança entre o latifúndio e o governo federal”.
Além da Fazenda São Paulo, o MST ocupa, no estado do Rio, a Fazenda do Vargas, em Valença, e fazendas em Barra do Piraí (no distrito de Ipiabas), Quatis e Resende. Em email enviado para o Valença em Questão, a fazenda São Paulo se manifesta dizendo que estão ainda “atônitos com os acontecimentos” e que é uma das fazendas “mais produtivas da região e tem como atividades principais a bovinocultura de cria, recria e engorda, a pecuária de leite, a produção de culturas temporárias (abóbora, milho, feijão, etc.), a eqüinocultura, a apicultura, a piscicultura e o turismo histórico-cultural e ecológico, além de atualmente estar iniciando projetos de produção de oleaginosas para bio diesel”, informa o email.
Foi encaminhado então um questionamento ao destinatário do email (que se identifica apenas como “Fazenda São Paulo”) sobre o processo de desapropriação da fazenda por improdutividade, do qual, até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta. Deixamos claro que, numa próxima edição, caso recebamos respostas, serão aqui veiculadas.
Ao longo da história do Movimentos do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a ocupação de espaços considerados improdutivos é uma estratégia para a aceleração desses processos. Esse é o objetivo da ocupação, no último dia oito de dezembro, da Fazenda São Paulo, em Valença-RJ. A fazenda, localizada na estrada que liga o distrito de Santa Isabel ao de Parapeúna (ambos do município de Valença), tem 1500 hectares e foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e informa que o processo de desapropriação está para ser concluído.
A ocupação na madrugada do dia 8 contou com cerca de 100 famílias organizadas pelo MST e já é a segunda vez que a fazenda foi ocupada. Na primeira, em agosto de 2005, houve, por parte da proprietária MMNRio Administração e Participações S/C Ltda., pedido de reintegração de posse. Os ocupantes, desde então, permaneciam à beira da rodovia Lúcio Meira (BR 393), em Dorândia, distrito de Barra do Piraí.
De acordo com o superintendente regional do Incra no estado, Mário Lúcio Machado Melo Júnior, o processo de desapropriação da fazenda São Paulo está para ser concluído. “Estamos apenas aguardando chegar uma documentação da procuradoria federal de Brasília que o noso procurador federal [do Incra] vai pessoalmente ajuizar uma ação no Tribunal Federal”, afirmou ao Valença em Questão. Ainda segundo ele, “há 99,9% de chances do Incra ficar com a fazenda” e a partir daí cria-se, via portaria, o assentamento.
A coordenadora do MST em Valença, Luciana Miranda, disse que desde o despejo, há dois anos, o MST vem cobrando do Incra a desapropriação da fazenda, já que se trata de uma área improdutiva. “Por isso, essa reocupação, no sentido de agilizar esse processo, para assentar essas famílias, que estão desde 2005 na beira da estrada”, afirma.
Justificando a demora do processo de desapropriação, o superintendente Mário Melo disse que a demora se deve aos cuidados do Incra com os “procedimentos burocráticos, para que o dono não consiga desfazer judicialmente o assentamento”. Um outro detalhe colocado pelo superintendente, é que no acordo com os proprietários, a sede da fazenda e uma área ao redor permaneceria com eles, “para desenvolverem museus, hotelaria, turismo, porque essa construção tem um valor cultural”.
A ocupação faz parte também de uma série de protestos realizados pelo MST no mês de dezembro por conta da morte do militante da Via Campesina Valmir Mota de Oliveira, o “Keno”, assassinado no Paraná durante ocupação da empresa multinacional Syngenta, no Paraná, em outubro. “Cada vez que eles tirarem uma vida de um companheiro ou companheira nossa, inúmeras fazendas serão ocupadas. Os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra não se acovardarão ante a aliança entre o latifúndio e o governo federal”.
Além da Fazenda São Paulo, o MST ocupa, no estado do Rio, a Fazenda do Vargas, em Valença, e fazendas em Barra do Piraí (no distrito de Ipiabas), Quatis e Resende. Em email enviado para o Valença em Questão, a fazenda São Paulo se manifesta dizendo que estão ainda “atônitos com os acontecimentos” e que é uma das fazendas “mais produtivas da região e tem como atividades principais a bovinocultura de cria, recria e engorda, a pecuária de leite, a produção de culturas temporárias (abóbora, milho, feijão, etc.), a eqüinocultura, a apicultura, a piscicultura e o turismo histórico-cultural e ecológico, além de atualmente estar iniciando projetos de produção de oleaginosas para bio diesel”, informa o email.
Foi encaminhado então um questionamento ao destinatário do email (que se identifica apenas como “Fazenda São Paulo”) sobre o processo de desapropriação da fazenda por improdutividade, do qual, até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta. Deixamos claro que, numa próxima edição, caso recebamos respostas, serão aqui veiculadas.
Chico Lima e a luta junto ao MST em Valença
Desde o início de ocupações do MST em Valença (isso em abril de 2004), Chico Lima esteve presente atuando na luta junto ao Movimento e lutando pela dignidade dos trabalhadores rurais. Abaixo, foto de Chico Lima com companheiros da Ocupação Manoel Congo.
Convenção com participação popular
Em convenção realizada no dia 18 de agosto, o Psol Valença (Partido Socialismo e Liberdade) decidiu pela candidatura de Chico Lima à prefeitura de Valença. Compondo a chapa como vice, ficou decidido por Wilson Golçalves. Vale destacar a participação popular durante a convenção, que apoiou a candidatura de Chico Lima à prefeitura. Em especial integrantes da Ocupação Gisele Lima, localizada na Varginha. O apoio à candidatura foi maciço.
Veja abaixo fotos da convenção
Veja abaixo fotos da convenção
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